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domingo, maio 09, 2010

"Quero ser tambor" de José Craveirinha

Queridos "Amigos", Padrinhos e visitantes,

Hoje trago-vos um poema do nosso conterrâneo, José Craveirinha, do 1º volume da sua "Obra Poética":

Tambor está velho de gritar
ó velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.
E nem a flor nascida no mato do desespero.
Nem rio correndo para o mar do desespero.
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero.
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.
Nem nada!
Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra.
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra.
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra.
Eu!
Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala.
Só tambor velho de sangrar no batuque do meu povo.
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.
Ó velho Deus dos homens
eu quero ser tambor.
E nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.
Só tambor ecoando a canção da força e da vida
só tambor noite e dia
dia e noite tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh, velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!
Um grande abraço a todos que por aqui passam e nos espreitam. Vivamos este mês de África com alegria.
KANIMAMBO

2 comentários:

Unknown disse...

Coraborando com este tema "ÀFRICA"

Canto

Não me faças chorar tanto
Porque já a minha infância foi de lágrimas.

Mas também não me dês piedade
Porque foi a piedade
Que me embruteceu.

Malangatana

"Grande pintor e poeta Moçambicano"

Unknown disse...

Qual autor desse texto?