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terça-feira, maio 25, 2010

Comunhão de Sangue e Amor

Queridos "Amigos", Padrinhos e Visitantes,



Não queremos deixar passar o dia de África sem nenhuma mensagem. Vamos hoje até à Guiné e ler um poema de Geraldo Bessa Vitor.




Comunhão de Sangue e Amor


Todo o meu ser se encanta quando passa
por terras da Guiné...
E recebo o abraço de mil raças
Na comunhão de sangue, amor e fé.


Bissau, Bolama, Mansoa,
Bafatá, Catió, Farim, cacheu...
(que mensagem é esta que soa
dentro de mim e os olhos me desvenda?)


Na tradição de meus avós,
fui loutador com Balantas,
com Fulas fui cavaleiro,
com Manjacos, marinheiro,
Artista com Bijagós,
e batuquei com Mandingas
em tantas noites encantadas, tantas...


Por isso é que recebo o abraço de mil raças
Nas terras da Guiné,
por onde o meu ser passa,
em comunhão de sangue, amor e fé.
África, KANIMAMBO

quarta-feira, maio 12, 2010

Queridos "Amigos", Padrinhos e Visitantes,



A obra poética de José Craveirinha é de facto muito rica portanto vamos continuar com este nosso poeta moçambicano. Para hoje escolhemos a 1ªversão de "Sementeira". As ilustrações são da Machamba de Inharrime no seu começo. Plantou-se lá amendoim, castanha cajú e mais recentemente ananás, para além da agricultura de consumo.

Sementeira

Cresce a semente

lentamente

debaixo da terra escura



Cresce a semente
enquanto a vida se curva no chicomo
e o grande sol de África
vem amadurecendo tudo
com o seu calor enorme de revelação.


Cresce a semente
que a povoação plantou curvada
e a estrada passa ao lado
macadamizada quente e comprida
e a semente germina
lentamente no matope
imperceptível como um caju em maturação.


E a vida curva as suas milhentas mãos
geme e chora na sina
de plantar nosso suor branco
enquanto a estrada passa ao lado
aberta e poerenta até Gaza e mais além
camionizada e comprida.
Depois
de tanga e capulana a vida espera
espiando no céu os agoiros que vão
rebentar sobre as campinas de África
a povoação toda junta no eucalipto grande
nos corações a mamba da ansiedade.

Oh, dia da colheita vai começar
na terra ardente
do algodão!

Deixo-vos com este poema retratando o trabalho da terra. Aproveitamos para vos dizer que este é o projecto de sustentabilidade do Centro de Inharrime. Os produtos desta agricultura serão vendidos ou exportados e o lucro para sustentar o Centro. Sabemos o quanto custa estar sempre de mão estendida e o nosso objectivo é "ensinar a pescar" não só "dar o peixe".
A todos o nosso grande
KANIMAMBO


domingo, maio 09, 2010

"Quero ser tambor" de José Craveirinha

Queridos "Amigos", Padrinhos e visitantes,

Hoje trago-vos um poema do nosso conterrâneo, José Craveirinha, do 1º volume da sua "Obra Poética":

Tambor está velho de gritar
ó velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.
E nem a flor nascida no mato do desespero.
Nem rio correndo para o mar do desespero.
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero.
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.
Nem nada!
Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra.
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra.
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra.
Eu!
Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala.
Só tambor velho de sangrar no batuque do meu povo.
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.
Ó velho Deus dos homens
eu quero ser tambor.
E nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.
Só tambor ecoando a canção da força e da vida
só tambor noite e dia
dia e noite tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh, velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!
Um grande abraço a todos que por aqui passam e nos espreitam. Vivamos este mês de África com alegria.
KANIMAMBO

quarta-feira, maio 05, 2010

Queridos "Amigos", Padrinhos e visitantes,


Mais uma vez nos encontramos nestas estradas virtuais a divagar sobre a nossa Terra. Hoje encontramos neste trilho, uma poesia de Alexandre Daskalos, nascido no Huambo.


Poema


Quando eu morrer
não me dêem rosas
mas ventos.
Quero as âncias do mar
quero beber a espuma branca
duma onda a quebrar
e vogar.
Ah, a rosa dos ventos
a correrem na ponta dos meus dedos
a correrem a correrem sem parar.
Onda sobre onda infinita como o mar
como o mar inquieto
num jeito
de nunca mais parar.
Por isso eu quero o mar.
Morrer, ficar quieto,
não.
Oh sentir sempre no peito
o tumulto do mundo
da vida e de mim
E eu e o mundo.
E a vida. Oh mar,
o meu coração
fica para ti
para ter a ilusão
de nunca mais parar.



Vai aqui uma foto das nossas crianças de Inharrime a passar as suas férias na praia. Que maravilha. Tudo isto, só é possível com o carinho de todos vós que apadrinhastes esta missão.

Um abraço a todos e até breve.

KANIMAMBO

segunda-feira, maio 03, 2010

"Presença" de Alda Lara

Queridos "Amigos", Padrinhos e Visitantes,

Continuamos na digressão pelos poemas e lendas de África. Hoje tenho o poema "Presença" de Alda Lara publicado no Jornal de Benguela e na Antologia Poética MÁKUA

E apesar de tudo
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou
a irmã-mulher
de tudo o que em ti vibra,
puro e incerto!


-A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo nos braços
das palmeiras...
A do Sol bom, mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas
longas e floridas...

Sim! ainda sou a mesma...
-A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11... Rua 11...)
pelos negros meninos
de barriga inchada
e olhos fundos...
Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e corpo musculoso
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...

E eu, revendo ainda
e sempre, nela,
aquela
longa história inconsequente...
Terra!
Minha, eternamente!
Terra das acácias
dos dongos,
dos cólios, baloiçando
mansamente... mansamente!...

Terra!
Ainda sou a mesma!
ainda sou
a que num canto novo,
pura e livre,
me levanto
ao aceno do teu Povo!...Um abraço a todos,

KANIMAMBO

domingo, maio 02, 2010

Dia da Mãe

Queridos "Amigos", Padrinhos e Visitantes,

Não podemos deixar este dia da Mãe passar sem fazermos uma referência. Mandamos esta mensagem que me chegou há momentos:



Ser mulher é ser mãe,
É ser esposa e ser amiga,
É espalhar muita alegria,
muita doçura e magia!
É ser forte e ser prudente,
É ter um coração grande para caber toda a gente!
É ser sol e ser flor, malmequer, bem me quer...
...por tão grande lição de Amor.


PARABÉNS A TODAS AS MÃES

KANIMAMBO